
Devaneio (?)
Eu tive um sonho. Estava num país de dimensões gigantescas... E eu o apreciava lá de cima, pois eu estava voando! Sob essa perspectiva eu via uma imensidão verde com pinceladas de azul. Quanto mais eu me aproximava, seus contornos se definiam. Pensei se tratar de uma obra de Monet. Fui tragada por essa beleza e decidi pousar. Foi difícil decidir onde: tudo naquele lugar era deveras estonteante!
Resolvi seguir a intensidade do verde e fui para o norte. Nunca havia visto floresta tão rica, com árvores altas e imponentes. Aos poucos fui deslumbrando-me com os animais: macacos, antas, garças... Cheguei nas margens do rio e encontrei peixes-boi, ariranha, lontra, tartaruga...Nossa, a diversidade da fauna e da flora era tamanha que eu não saberia descrevê-la! O estranho foi que após muito caminhar, não vi nenhum sinal de vida humana. Sobrevoei a área: não havia casas, pastos... nada!
Segui em direção ao nordeste. Deparei-me com um chão árido. Mas isso não tornava a região feia. Sobre a minha cabeça, passou uma formosa ararinha-azul. Atravessei a área em meio a juazeiros e jatobás, veados e gatos selvagens. Topei uma serra e a sobrevoei. Para minha surpresa, após ver à distância uma mata densa, contemplei uma imensidão de areia e, avante, o mar. Parecia o paraíso!
Continuei minha aventura. Fui para o centro do país. Avistei matas e rios, e também muitos animais, como o temível jacaré e a exuberante onça-pintada. Depois, chapadas e cachoeiras. Nas margens de um enorme rio (chegava até o nordeste semi-árido), havia lobo-guará e gavião. Seguindo em direção ao litoral sudeste, vi uma vasta floresta. Pude constatar que ela se estendia do sul até o nordeste do país. Pousei e logo notei os micos-leões-dourados e os tamanduás. E incontáveis espécies de flores, como as orquídeas. Fui para o sul, pelo seu interior, e encontrei as araucárias e, mais adiante, uma vasta planície verde.
Terminada a viagem, percebi que aquele lugar se assemelhava ao que um dia fora meu país. No entanto, não havia homens, mulheres ou crianças em parte alguma. Dei-me a chorar desesperadamente! Então escutei uma voz: “Vocês se extinguiram! E assim, conseguimos renascer!”. Espantada, perguntei: “Quem é você?”. A voz respondeu solenemente: “Sou a natureza!”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário