
O nosso “Paradiso”
Sou amante do cinema e é com imensa tristeza que vejo o prédio do Cine Barretos fechado e em estado de degradação. Acredito que a maioria dos barretenses compartilha deste sentimento e anseiam pela sua reabertura.
O Cine Barretos foi inaugurado na metade da década de quarenta com a exibição do drama Amar foi minha Ruína, com a atriz Gene Tierney. No fim dos anos 80 (aproximadamente) foi fechado: posso estar enganada, mas me falaram na época que a causa foi a falta de público! Lembro-me de ter que ir à Bebedouro para assistir a um filme. Certa vez, meu colégio organizou uma excursão até lá para vermos Questão de Honra. Era doloroso não ter um cinema na cidade (não havia as salas do Grêmio ainda).
Mas em 1993 (ou 1994) o Cine Barretos reabriu. Meu pai me levou até lá. A escolha do filme de reestréia não poderia ser melhor: Cinema Paradiso de Giuseppe Tornatore. Jamais esquecerei deste dia! Quem já viu este filme, independente de quando e onde, compreenderá meu entusiasmo. Pois esta obra retrata, com uma poesia única, a importância e a beleza do cinema ao contar a preciosa amizade entre um senhor e um garoto em uma pequena cidade italiana e seus esforços para manter o “Cinema Paradiso” aberto.
Recordo-me que nesta época teve uma promoção da Fanta no Cine Barretos: além de podermos assistir ao desenho Aladim de graça, ganhávamos refrigerantes. Eu, minha irmã e uma grande amiga fomos várias ver esta projeção. Era só diversão! Desconheço o tempo exato que cinema ficou em atividade...Um ano. Dois talvez...O que me lembro bem é que na minha adolescência não havia mais Cine Barretos. Mais uma vez fechado!
Atualmente, temos o cinema do shopping. Porém, creio que concordarão comigo: não dá para comparar aquelas salas com a magnitude do edifício central! A estrutura do Cine Barretos permite a projeção do espírito genuíno do cinema: a vivência coletiva, por um certo tempo, de um mundo ficcional, onde o público compartilha êxtase, alegria, medo ou tristeza. Além do mais, o Cine Barretos é patrimônio cultural da cidade e faz parte da história pessoal de todo o barretense que teve o privilégio de freqüentá-lo.
Que as autoridades competentes não se disponham apenas a restaurar o prédio, como também o façam no intuito de reabri-lo como Cine Barretos!
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