Mafalda


segunda-feira, outubro 23, 2006

Somos um só país
Neste último fim de semana, num bar situado no Leblon (bairro tradicional da classe média carioca), ocorreu uma briga animalesca entre lulistas e alkcmistas. Antes de prosseguir declaro que narrarei resumidamente os fatos e omitirei propositalmente a identidade partidária das protagonistas, pois assim não darei espaço para nenhuma interpretação enviesada a favor de um dos candidatos. Voltemos à fatídica noite: o desentendimento entre os grupos se iniciou com provocações verbais de ambos os lados e culminou com o confronto físico entre duas mulheres de quase quarenta anos: uma delas, após levar tapas e unhadas, reagiu mordendo o dedo da outra, arrancando-o! A moça foi levada ao hospital, mas não foi possível reimplantar o dedo... O médico declarou que este foi o primeiro caso que ele atendeu de paciente com parte do osso retirado pela mordida de uma pessoa.
Este acontecimento surpreende pela selvageria extrema, mas não é um caso isolado de agressão envolvendo paixões partidárias. No Paraíba, uma mulher foi agredida ao passar perto do comício de um dos candidatos a governador com adesivos do opositor no seu carro. Eu mesma fui atacada, mais de uma vez, com ofensas pejorativas na minha página do ORKUT (site de relacionamentos) por declarar meu apoio a um dos candidatos à presidência.
Eu era criança nas eleições de 1989, mas li muitas declarações de que a disputa eleitoral atual, no que diz respeito à postura dos eleitores, assemelha-se àquela de dezessete anos atrás. Há quem diga que agora está pior...Particularmente, sinto uma tensão no ar quando encontro conhecidos que votarão no candidato diferente do meu e, embora, na maioria dessas situações o respeito prevaleça, já notei uma certa hostilidade. É difícil apontar os culpados por este clima afrontoso. Poder-se-ia dizer que é a mídia ou os próprios candidatos... Somos sempre tentados a achar uma explicação externa a nós para justificar nossas intempéries. No entanto, deveríamos aproveitar estes momentos conflituosos para refletirmos sobre nós mesmos, nossos valores e nossa ética. Pois, independente do resultado do pleito, conviveremos com quem votou no outro candidato. E acredito que, seja qual for o eleito, desejamos perpetuar nossas amizades e, principalmente, construir um país mais justo.

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