
Tempo de viver
Em algumas situações consigo vivenciar, segundo por segundo, o que está acontecendo, sem pensar no passado ou no futuro, apenas estando ali, desfrutando plenamente o momento. É assim quando estou com minhas sobrinhas, pois o tempo pára e nada além delas e de suas brincadeiras parece ter importância. Quando estou no mar, a experiência é semelhante: divirto-me a cada onda, sentindo a força da água e desafiando-a; a única preocupação, durante esse deleite, é não me afogar.
A partir de minhas experiências, pensei ser somente possível a apreciação do presente tal como descrevi, em circunstâncias lúdicas, ou seja, momentos de brincadeira ou diversão. Mas eu estava equivocada. Dias atrás passei por isso em uma nova e distinta ocasião: eu e meu namorado estávamos em Campinas e fomos para a estação rodoviária às 18:30h. Chegando lá descobrimos que o próximo ônibus só partiria às 21:50h. Não tinha como retornar para a casa dos pais dele e então teríamos que aguardar por três horas...No início, ficamos irritados. No entanto, percebemos que poderíamos inventar o que fazer e aproveitar aquele tempo junto. Então tomamos um café, conversamos, fomos na banca de revistas e estudamos também. Em vez de nos entediarmos, prezamos o que a situação poderia nos oferecer e já que não tínhamos nenhuma obrigação a ser feita, pudemos fazer daquelas horas num lugar inusitado, um desses momentos em que nada mais importa.
Lamentavelmente, tenho a impressão que as pessoas estão cada vez mais preocupadas e ensimesmadas, pensando no passado ou em algo que ainda têm para fazer. Em raros momentos, param e apreciam o seu trabalho, o seu jardim, o seu parceiro ou um pôr-do-sol. Vivem correndo...Quando descansam, geralmente escolhem a TV como meio para isso. Quem dera pudéssemos dedicar tanta atenção aos pequenos acontecimentos do dia quanto destinamos às novelas ou programas esportivos...
A expressão Carpe Diem (aproveite/desfrute o dia) tornou-se bastante popular e difundida. Porém, no meu entender, tem sido praticada de forma errônea, como se Carpe Diem significasse apenas fazer o máximo de atividades no dia. Mas de nada adianta ocupar-se o tempo todo e não apreender o que cada momento tem de especial. É necessário viver intensamente, tornando o banal uma experiência única.
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