Mafalda


quarta-feira, novembro 30, 2005


TPM (tensão pré-menstrual)

Por que temos que sofrer com isso? A natureza é mesmo machista...Ficamos menstruadas, passamos pelo parto e além de tudo temos TPM! Fase em que todos os problemas se agigantam...E ,às vezes, acontece no pior momento. Não dá para escolher o dia.
Cada mulher sente a maldita de uma forma. Algumas dizem que nada notam de diferente. Sorte delas!
Não é de hoje que venho me observando: se não há nada me preocupando, a TPM praticamente não existe, a não ser pelos seios doloridos...No entanto, se há incômodos e conflitos a TPM os potencializa, deixando-me à flor da pele. (Para que os homens entendam: é parecido ao efeito da embriaguez – qualquer discussão desperta uma fera!) Como se isso não bastasse, sinto-me, às vezes, a pior das pessoas do universo...
Todo homem que escolhe ter uma mulher ao seu lado cotidianamente deveria aprender sobre tensão pré-menstrual. Aliás, seria bom que fosse ensinado nas escolas. Não adianta saber que a mulher fica menstruada uma vez por mês e por que isso ocorre. O menino, desde cedo, deveria saber o que acontece nos dias anteriores à menstruação. Facilitaria muito para nós mulheres!!! (Aliás, poderiam ter inventado uma palavra mais bonita do que menstruação. Parece nome de monstro que assusta criancinha!!!). Se o homem entender a TPM, evitará discutir com sua parceira nesses períodos, compreenderá o porquê de seus estouros sem sentido e a tratará com o maior mimo durante essa fase que ninguém pediu a Deus!!! Isso pode salvar um relacionamento! Tem casais que até resolveram se separar e depois voltaram atrás quando perceberam que tudo era por causa da tal TPM! Não precisamos chegar a esse ponto, não é? Todos querem ser felizes com o parceiro (a)...
Assim, faço um apelo em nome de todas as mulheres: homens, conheçam nosso ciclo menstrual e não nos irrite durante o período pré-menstrual. Tratem-nos com carinho e atenção! Sejam espertos! Saberemos reconhecer vossa dedicação e a retribuiremos. Todos sairão ganhando: quando somos um casal, a TPM acaba sendo vivida pelos dois. Então, ajudem-nos a enfrentá-la da melhor forma possível!

quinta-feira, novembro 17, 2005


Protesto (?)

Num dia desses, o ator, músico e compositor Seu Jorge foi o entrevistado do programa Roda Viva. Seu Jorge foi aclamado no programa sobretudo por ser um exemplo de superação e sucesso, já que foi morador de rua e atualmente tem seu trabalho reconhecido principalmente no exterior. Inúmeras perguntas dirigidas a eles questionavam-no sobre o preconceito étnico possivelmente sofrido por ele ser negro e conseqüentemente sobre o caráter de denúncia social de suas músicas. Seu Jorge saiu-se muito bem. Respondeu com maestria e sensibilidade às questões, embora se perdesse um pouco em suas divagações em alguns momentos. Nada que prejudicasse o andamento do programa, pois isto deu à sua fala uma espontaneidade pouca vista quando os que sentam ali são os políticos brasileiros.
O que chamou mais a minha atenção foi a discussão sobre as músicas de protesto. Ouvindo as palavras de seu Jorge, eu compreendi que sua música tinha uma função social mas não necessariamente de protesto. Os entrevistadores insistiram com a questão do racismo e da denúncia indagando sobre se uma música cantada por ele não teria sido rejeitada pela mídia e pelo público. Seu Jorge afirmou categoricamente NÃO, pois sua intenção jamais fora ser um artista tocado nas rádios e que seu público adorava cantar tal música.
Diante disto, percebi uma enorme distância entre os entrevistadores (todos pertencentes a classe média, no mínimo) e o artista ali sentado. Seu Jorge canta a sua vida, seu cotidiano os problemas que seus ancestrais passaram e seus contemporâneos enfrentam. A inspiração não exige filosofia ou sociologia, pois a sua realidade é suficiente para compor. Já os entrevistadores chocam-se diante de uma realidade para eles brutal, cujo relato é sentido como denúncia, como se não pudessem enxergá-la e conhecê-la através da própria vivência, como se houvesse uma censura impedindo esse contato e o músico ali entrevistado estivesse subvertendo-ª Curioso, pois a realidade dos marginalizados está todo dia na TV e atravessam o caminho da classe média diariamente. Então, por que as canções de Seu Jorge são encaradas como se ele estivesse denunciando acontecimentos obscuros? Tenho uma hipótese: o que intriga não é necessariamente o conteúdo...É estas histórias poderem ser cantadas e aplaudidas no exterior por alguém que foi menino de rua. É alguém relatando o que viveu e tendo sucesso sem o apoio da grande mídia, descartando-a. Assim, não são as músicas de Seu Jorge que geram o sentimento de protesto e sim o que representa o ator, compositor e músico Seu Jorge, carregando o que foi ontem, realizando-se hoje e transformando o amanhã...

quarta-feira, novembro 09, 2005



Entre mim e ele

Estou de volta amando. Ele está comigo novamente. Posso sentir. Sua voz, seus gestos. TUDO. Eu respiro só amor. Acabou a mágoa e o rancor. Ressuscitamos!!! A vida tem dessas coisas...Quando parecia não ter mais motivos para estarmos aqui, surpreendentemente, todas as razões apareceram.
O amor está nos pequenos detalhes. Num simples olhar. Numa lembrança que faz valer a pena. Difícil descrever.
Independente do que venha a acontecer, ontem e hoje será uma destas lembranças. Quando a raiva e o desespero me dominar, estes últimos momentos com ele, dar-me-á forças para continuar, para saber como pode ser bom. Podemos ser felizes juntos! Seu carinho, sua atenção, seu entusiasmo estarão para sempre comigo. Isto, nem ele pode me tirar. Não poderá mais dizer que não é a pessoa que eu espero que ele seja. Pois ele é. É possível ser. Pois já foi. E vem sendo nas últimas 72 horas. Não sou ingênua. Sei ainda que vamos brigar, que ele vai me olhar “feio”. Mas tenho a esperança que não vamos mais duvidar do que há entre nós e que nossos conflitos serão cada vez mais passageiros. Agora tenho a certeza que nosso amor é possível, que ele existe na luz e nas sombras.

terça-feira, novembro 08, 2005


A dor de ser o que é
Quando escrevo, desperto o meu prazer de isto fazer. Ontem escrevi e hoje me deu uma vontade imensa de expor algo aqui...Mas não é sempre que tenho idéias. O mundo tem que me apresentá-las levando-me à reflexão. A questões aparecem e quando vejo já estou pensando. Poderia falar do meu relacionamento amoroso, poderia falar das minhas amizades...Mas não sei até que ponto tais assuntos são íntimos e particulares demais para estar na rede. Não vou negar que todos estes textos surgiram de questões íntimas e particulares demais. Mas às vezes é possível estendê-las, tornando-as passíveis de identificação por outros que desconhecem minha história e meu cotidiano, minhas alegrias e minhas aflições, sem que, no entanto, seja necessário tornar meus desabafos superficiais. Pois não é só aparentemente que o ser humano se assemelha.
Pensando...Hummmm, posso falar sobre o que mais me preocupa no momento. Minha amiga está em apuros e o pior é que ela nem se dá conta disso. Eu a entendo. Não sei se agiria diferente estando no LUGAR dela. [As pessoas tem o costume de dizer “Se eu fosse você, eu não faria isso ou “...eu não teria feito isso”. Mas dificilmente quando alguém diz isso esta se colocando no LUGAR do outro. Falamos isso mas geralmente pensamos assim: “EU, nesta situação, não faria isto”. Não pensamos como se fôssemos o outro, não consideramos sua história e seu presente, suas angústias e inquietações. Pensamos como nós reagiríamos aos problemas, não ocupamos o LUGAR do outro. Ora, isto geralmente se revela uma grande contradição, pois muitas vezes, nós (com a nossa história nosso momento de vida) jamais nos encontraríamos em dada situação). É muito fácil julgar a atitude alheia desta forma, pois não a compreendemos de fato.].
Conheço minha amiga há 16 anos. Crescemos juntas. Fui adolescente com ela. Acho que posso dizer que a conheço muito tempo e por isso digo que não sei se agiria diferente estando no seu LUGAR: é difícil quando não conseguimos fugir de nós mesmos; quando, de repente, o que você sempre foi não te recompensa mais e você se vê sozinha. É difícil quando todos à sua volta estão crescendo e você não possui os meios para fazer o mesmo. Afinal, eles nunca foram necessários: até então, você era querida e rodeada por vários amigos. Você só sabe ser aquilo que sempre te bastou. É triste perceber que o tempo não pára quando você sempre agiu como se o mundo fosse estático e seus amigos também. É triste perceber que os anos passam quando apenas sendo jovem você sabe viver. Dói, enfim, perceber que para seus amigos não basta mais você ser a amiga mais desencanada e baladeira, pois o que você faz se tornou escandoloso e perigoso demais: estar ao seu lado não é mais tão agradável, pois ninguém confia mais em você.
O que fazer diante de tudo isso? Se nem com a sua família você pode contar...Pois eles querem que você estude sendo que você não tem como fazer isso, não tem os conhecimentos básicos para isso. Quando você tinha 13 anos, ninguém se preocupava com a sua escola. Agora, faculdade, não, você não conseguiria...Trabalhar numa loja”...ihhhhhhhh...”, é o que você diria. Para quê trabalhar, você tem o dinheiro da pensão do seu pai e sua mãe paga suas roupas. Baladas? Sempre alguém paga para você, pois você tem aquele jeitinho que nenhum cara recusaria.

Nossa, acabei me estendo...Claro, só falei do momento que ela estava vivendo. O que restava para ela, além do buraco em que ela se enfiou? Bom, é difícil dizer, difícil julgar. Não tenho mais palavras, tudo o que eu poderia dizer daqui a diante seria banal.
Sei que sofro por vê-la assim, mas infelizmente já era tarde demais desde quando ela tinha 13 anos. Agora só nos resta remediar.

segunda-feira, outubro 24, 2005


Por um humor saudável

É estranho como nossa percepção do mundo varia de acordo com nosso humor. (Não sei se 'estranho' é a palavra correta, mas no mínimo isto é um fato curioso). Num momento você pode achar que tudo está contra você, no outro você acha que a vida está sorrindo para você. E isto, muitas vezes não depende de acontecimentos extraordinários, como uma promoção no emprego ou uma surpresa do parceiro (a). Difícil dizer se os fatos mudam nosso humor ou se a mudança do humor faz com que olhamos os fatos de outra forma. Não se trata de defender uma posição ou outra e sim refletir sobre a subjetividade da realidade.
Não há dúvida de que uma palavra dita pode nos fazer questionar julgamentos precipitados acerca do que os outros pensam a nosso respeito, obrigando-nos a rever nossas concepções acerca de nós mesmos e do outro. Quando estamos abalados e entristecidos, a atitude alheia, se não for extremamente positiva, tende a ser vista como hostil. A leitura dos acontecimetos torna-se obscura e negativa. Nestes momentos, ficamos mais egocêntricos: não enxergamos o outro com individualidade, mas somente em relação a nós mesmos; tudo que ele faz e fala é em função de nossa presença e de nossas atitudes.
É certo que algumas vezes o outro nos fere, mas muitas vezes ele não sabe o quanto nos magoa, pois não sabe o que estamos vivendo. As relações, hoje em dia, estão bastante fechadas e o diálogo é empreendido de uma forma bastante sutil e protetorora. É uma contradição: queremos nos proteger, não permitindo ao outro nos conhecer e assim não há como o outro saber como não nos magoar. O resultado é : ou nos isolamos ou estabelecemos relações superficiais. Ambos, não satisfazem nossa necessidade humana de existir em relação com o outro e no outro.
Voltando ao humor...
Em estados muito angustiantes, uma palavra, um esclarecimento, pode não se ser suficiente. Mas, ajudar alguém lhe indicando que sua percepção dos fatos é errônea e calcada na sua angústia, não é uma tarefa difícil e pode fazer com que a pessoa reveja a interpretação negativa pré-concebida.
Dizer o que pensa do outro não é “jogar confete”. É lhe dar a oportunidade para que valorize a si mesmo e reconheça sua importância e suas capacidades, principalmente a capacidade de ser amado. É ainda, permíti-lo ver um mundo acolhedor e seguro, mesmo que algum tempo depois este mundo pareça cruel novamente. Saber que pode contar com alguém, que pelo menos um alguém no mundo o valoriza, dá chance a ele de continuar acreditando e lutando pela felicidade.
É importante nos desapegarmos cada vez mais do sentimento de orgulho, de rancor e de vingança. Destacar o outro nunca deve ser encarado como uma diminuição de nós mesmos. Cada um tem seus espaço e seu brilho próprio.

Comecei dizendo que a mudança de humor não depende de acontecimentos extraordinários...No entanto, os relacionamentos humanos estão cada vez mais mimetizados, subtraídos. Se hoje é raro recebermos e darmos um elogio, incentivar nossos parentes e amigos, dizermos como são importantes para nós, talvez tenha me equivocado ao dizer que nada de extraordinário deva acontecer. É extraordinário por sua raridade, mas depende apenas de reaprendermos a seguir a voz do coração...

segunda-feira, outubro 10, 2005


Palavras extremamente levadas a sério

Toda criança ouve os adultos dizendo para aproveitar a infãncia, pois depois tudo será mais difícil, com menos graça, muitos deveres e pouco tempo. Crescem já angustiadas com aquilo que as esperam, temendo a passagem do tempo e às vezes até deixando de aproveitar o momento que estão vivendo...
Os mais velhos aconselham-nas pensando que estão ajudando sem perceber que podem estar criando seres humanos com medo da maturidade. O corpo cresce, mas o “espírito” pode continuar preso à infância como forma de não perder a felicidade, o “tempo bom da vida”. Aparentemente todo adolescente quer logo se tornar adulto. Muito realmente desejam a liberdade adulta porém não são poucos os que gostariam voltar no tempo depois dos vinte anos. Atualmente, a adolescência é o modelo da felicidade! Incentivar a criança e o adolescente aproveitarem a vida não é o mesmo que lhe imputar o temor do futuro.

Semelhante conselho ouvimos quando iniciamos um namoro. Amigos dizem para aproveitarmos os primeiros meses, pois são os melhores. Depois, tudo muda...Isto apavora!!! Como viver aquele momento quando sabemos que ele irá se transformar em algo de que pouco se fala bem? Pouco se celebra e muitos reclamam? Como viver com medo de se tornar um saudosista da paixão? Não se pode negar que o começo de um relacionamento é mágico, maravilhoso! Deixa-nos embriagado e sem rumo, consome-nos inteiramente. Não é exagero dizer que vemos as estrelas... Mas que tudo isso passe é natural: não conseguiríamos viver neste frenesi eternamente, não sobreviveríamos. Depois da paixão, se o relacionamento continuar, vem o aconchego, o compromisso, o carinho, a tranqüilidade (?) de amar e ser amado. Somente depois que o encanto embriagado se desfaz, podemos conhecer o outro, descobrir se “podemos” amá-lo ou se tudo não passou de um sonho, uma ilusão de nossas necessidades emocionais.
A paixão tem que ser vivida por completo, sem o temor de que ela se acabe. Esta angústia pode nos impedir de dar um passo além, enxergar o outro, tirar a máscara da ilusão e por que não, viver um grande amor?
A infância e a adolescência também devem ser vividas plenamente, como momentos singulares da vida de cada um. Porém, a perspectiva de um futuro cheio de novas aventuras deve sempre ser encorajado. Viver aquele momento sabendo que o próximo tem suas vantagens, faz com que sejamos adultos sem amarguras, conservando-se aquilo que de melhor tínhamos anteriormente, alegria e esperança. Não é mais gostoso enfrentar a responsabilidade e a rotina cotidiana olhando o mundo como algo constantemente a ser descoberto e contemplado?

quarta-feira, agosto 10, 2005



Amor

O Amor, no início, é um deslumbramento. Sentimo-nos como se estivéssemos renascendo e nada anterior a isto parece ter sentido. Ao mesmo tempo, sente-se aquele "medinho" de que esta sensação passe da mesma maneira que apareceu: subitamente. Parte desta sensação realmente passa. Mas o "medinho" vai com ela. E o que fica, quando aquele sentimento não é mera ilusão, é pleno, seguro e contínuo. É óbvio que tem seus altos e baixos, momentos de raiva e desespero, mas quando a calmaria chega sentimos que o amor ainda está ali, às vezes, mais forte, mais compreensivo, mais amante... Ultimamente, as letras de música que se propõem a cantar o Amor têm me feito refletir. Muitas delas falam de um desejo de um amor que ainda não se realizou. Outras relatam um amor perdido, desilusões e resignação. Saudade, às vezes. Porém, poucas relatam o amor que está sendo vivido intensamente, presente e feliz. Assim, pode-se dizer que as músicas pouco falam de amor. Falam de paixão. Daquilo que nos faz fazer loucuras! Cantam projetos, esperanças e sonhos que temos em relação a alguém. Cantam a ausência de quem já não está mais ali.
As letras de música, a minha vida e outras histórias de amor levam-me a pensar que é mais fácil falarmos daquilo que não está presente. Discorrer sobre o amor, quando se vive o amor, é uma tarefa penosa. Amando, tudo o que nos falta torna-se supérfluo, não incita a inspiração do “poeta-compositor”. Pois, enquanto estamos amando, não sabemos mais o que é carência ou solidão: o Amor é tão simples como "um samba de uma nota só".



Divagações de uma alma momentaneamente livre
Viver já é complicado, imagina conviver!!! Ás vezes, não nos suportamos. Queremos quebrar o espelho...mas aí lembramos que ainda continuaremos intactos, com nossas rugas, nossos medos, nossas lembranças, nossas exigências, nossas frustrações, sonhos, afetos e desafetos. Viver é um desafio que nos fora imposto sem que tivéssemos escolha. (Sorte daquele que ao viver tem muito para fazer e muitos recursos para isso...). Fazer. Realizar. Ser. Escolher. É difícil falar em liberdade, pois ela pode ser apenas ilusória. Ser Livre talvez seja apenas o fato de reconhecer que nessa vida ninguém é livre...Idéias, idéias, idéias...Será que há sempre uma idéia anterior? Será que a originalidade está condenada à reprodução?
Digressões...Estou me estendo e fugindo do meu propósito inicial: a arte de conviver. Poxa, será que isso é tão difícil? Tudo está entrelaçado: Eu e o Outro; Eu no Outro; o Outro em Mim. Se eu me colocasse no lugar do Outro cada vez que pensasse em disparar uma crítica, os desentendimentos seriam bem menos freqüentes. Mas, se eu pensar que eu não faria o que Outro faz para me atingir (intencionalmente ou não), este "mandamento" aparentemente simples se complica e se torna difícil de ser praticado. È óbvio que se todos pensassem no Outro antes de qualquer ação, principalmente as ofensivas, a humanidade não seria a mesma! Mas, quando a lei é esta apenas para alguns, vira covardia!
Evidentemente, o ser humano gosta de um conflito. De alguma forma isso o move. Somente um ser humano perfeito (não seria uma contradição?), em paz consigo mesmo, rejeitaria qualquer forma de disputa...Pois é, somos reflexos do meio...somos aprisionados por ele. Será que Tookie (Stanley Williams, cuja vida foi retratada no filme "Redenção" e motivador desta minha regressão, aparentemente desconexa) teria se redimido fora da prisão? Ele precisou de muitos anos de isolamento. Inicialmente, a violência foi sua forma de sobrevivência. Na solitária, necessitou da redenção para suportar viver. Nas ruas, provavelmente, ele continuaria preso ao seu "destino" de gângster. (Obviamente, nem todos que estão numa situação semelhante, realiza feitos louváveis como Tookie. Não somos marionetes nas mãos das circunstâncias, ainda acredito que podemos escolher o que seremos a partir daquilo que nos é dado e para mim este foi o grande "insight" de Tookie)
Precisamos de tempo para refletir, para fazer algo importante, relevante. Somos fruto da sociedade que criamos. Nos perdemos em meio ao ritmo frenético inventado por nós. E agora ele nos controla. Estamos cada vez mais presos e tentamos insistentemente negociar nossa liberdade, compra-las de nós mesmos, do MONSTRO chamado sucesso ou status ou dinheiro. Somos escravos de uma arbitrariedade que um dia pensamos que nos proporcionaria o paraíso. Estamos cegos! Vendemos aquilo que não tem preço, imensurável. Queríamos conquistas e apenas conseguimos nos cercar. Em busca da liberdade, nos tornamos medíocres, fracos e delirantes. A liberdade está aonde a esquecemos. Longe da rotina, longe do trabalho, longe da ganância, longe do sucesso.
Ás vezes, sinto-me livre como, às vezes, sinto-me feliz. Aliás, felicidade só existe quando estamos (ou pelo menos nos consideramos) livres. Estranhamente, quando me sinto livre, lembro-me de minha prisão: tenho que trabalhar, ter dinheiro, se alguém nesta vida (e o pior é que só tenho esta). Sinto-me alguém no momento em que não sou ninguém para o "padrão de uma mulher de 26 anos graduada em psicologia": quando escrevo, quando penso, quando rio, quando namoro, quando vejo filmes, quando converso, quando brinco com crianças...Minha angústia não vem do fato de eu estar formada há mais de um ano e não fazer algo útil – que dê dinheiro - com meu diploma. Sinto-me sufocada por que o mundo me cobra realizar algo rentável, o que já está carimbado no meu ser, fazendo-me sentir uma culpa e uma impotência enorme! Não me queixaria desta vida...mas, estou dizendo bobagens. Tenho que viver! Tenho que ter dinheiro! Tenho que produzir! Tenho que comprar minha liberdade! Tenho que me aprisionar e sentar na Sala de Jantar! TIM TIM!!!

quinta-feira, julho 28, 2005



Para Alguém Muito Especial!
Precisava desabafar, meu coração estava confuso...Precisava de alguém para me dar bons conselhos, alguém que soubesse ouvir...Enxergasse meu desespero sem parcialidades, visasse meu bem estar...Alguém que me ajudasse a dar o melhor de mim mesma para mim mesma e para o Outro, alguém que me fizesse olhar para mim mesma sem me agredir, que me abrisse os olhos, que me mostrasse o caminho para dissipar minha angústia e que me fizzesse respirar tranquilamente.
Bastou uma ligação. Sim, essa pessoa existe!!!
Não estou romantizando, não estou escrevendo palavras "bonitas".
Não, não é meu amor! Não é meu pai, nem minha mãe, nem minha irmã! Não é minha melhor amiga! Todos estes me amam e por isto não podiam me ajudar desta forma. Amam-me demais para isso! Refiro-me a alguém que se dedica a este papel: escutar, orientar e tranquilizar a alma.Minha psicóloga!

domingo, julho 24, 2005



Existindo (?) no virtual
É paradoxal essa vida de "orkuteira"...Sou capaz de passar o dia inteiro escrevendo nas comunidades mas quando o chega o fim do dia parece que nada fiz...É um vazio e tanto!!! Não faz diferença se converso no msn, tenho a mesma sensação...
Certamente, o contato virtual jamais irá substituir um bom bate-papo. É infinitamente mais gostoso ter alguém ao seu lado, ver o seu espanto, seu prazer, sua reprovação. O irônico é que tentam tornar o contato virtual o mais real possível (câmeras, skipe etc...). Nós nos isolamos e procuramos encontrar amigos, perdidos ou virtuais, atuais...Ficamos espontâneos, podemos falar o que nos vem à cabeça, sem hesitação. Ficamos amorosos, cultos, anônimos...No orkut, podemos realmente "ser" A SOMA DOS NOSSOS SONHOS (acho que neste caso SONHO se aproxima mais do significado de FANTASIA...). E o que fazemos no mundo lá fora? Amamos, conversamos, debatemos, apaixonamos, fazemos amigos como no ORKUT? Seria lindo se o real fosse o orkut. Se fôssemos esta grande comunidade. Se a cada dia quiséssemos somar mais amigos gastando o mesmo tempo que ficamos no Orkut. Formássemos ONGs, batalhássemos, falássemos que amamos as pessoas queridas!!!
Falando nisso, preciso cuidar do meu coração, ele está ficando tristinho. Estou com sérios problemas de orkutismo...Temo que quando acabar minhas "férias" eu só tenho a falar sobre o orkut. Temo não ter mais amigos para conversar quando estiver sem a net. Temo a solidão que o mundo virtual mascara facilmente mas que também te joga nela no momento em que a tela se apaga.

quinta-feira, julho 21, 2005


FAMÍLIA
É tão difícil! Quarta filha de cinco! Estou no meio. Mais uma vez penso que é difícil escutar! Nossa, acho que esse é o grande mal da humanidade. Estamos surdos! Surdez é a "deficiência" do EGOÍSTA! Fico alheia! Tenho medo de escandalizar!Palavras ferem...Mas, se me envolvo, "elas"ficam rondando minha mente, pedindo para sair!!! Fico Quieta!!! Tento não escutar o que dizem e me "EGOCENTRIZO", torno-me mais uma EGOÍSTA! TENHO MEDO, posso ver apenas as SOMBRAS!

O que significa escutar? Parece uma pergunta óbvia, e talvez respondê-la seja mesmo bem fácil. Muitos diriam que o ato ouvir não exige esforço algum. Mas, se analisarmos bem, temos realmente escutado uns aos outros? Parece que estamos a todo momento mais preocupados em expor nossas idéias e dar conselhos. Quando escutamos algo, logo temos uma resposta na ponta da língua...Isto tem me preocupado. Ouvir significa dar a atenção a quem fala...buscar compreendê-lo, perceber se o seu interlocutor quer apenas desabafar, simplesmente ser ouvido. Hoje em dia, existem inúmeros cursos de comunicação, de como falar bem e no entanto estamos nos esquecendo de como ouvir bem. Pode parecer exagero, mas estou abismada com a prioridade que damos ao ato de falar. Penso que ouvir é essencial para um bom relacionamento humano, seja ele de qualquer natureza. É questão de qualidade de vida! Não é a toa que muitas pessoas, cansadas de não serem ouvidas no seu cotidiano, decidem procurar um psicólogo que possa representar o papel do interlocutor atencioso. Triste época em que pagamos para ser ouvido! Outro modelo de solidão: a solidão das palavras silenciadas, dos sentimentos guardados, do afeto escondido.