Mafalda


terça-feira, agosto 14, 2007

Dê valor ao que te faz humano!

É sabido que falhas na comunicação provocam desentendimentos. Ainda assim, insistimos num diálogo precário com familiares e amigos. Apesar de estarmos na era da comunicação e constantemente surgir uma novidade a fim de maximizar as formas de interação, não aprimoramos suficientemente o básico: falar e escutar.
O ato de falar, sobretudo profissionalmente, é bastante valorizado. Conseqüentemente, existem cursos para tornar-se um palestrante de sucesso, um vendedor eficiente etc. No entanto, pouco destas técnicas são úteis no cotidiano, pois relacionamentos profissionais diferem dos pessoais: ser cordial no ambiente de trabalho, dependendo da profissão, é tão importante para se garantir o emprego quanto realizar bem o ofício; além disso, é mais fácil se agradável com aqueles que temos uma relação distante, impessoal.
Falar amistosamente com uma pessoa que nos é querida exige um esforço maior. Muitas vezes nos sentimos atacados e, por acharmos que ela nos conhece bem, deduzimos que ela nos atingiu propositalmente. Então partimos para o contra-ataque, ofendendo-a ou procurando refúgio num silêncio rancoroso...E se, em vez disso, mantivermos a calma? Podemos esclarecer que não gostamos do que foi dito, explicando ao outro que palavras ou gestos, aparentemente banais, deixam-nos desconcertados. Porém, nada disso será válido se empregarmos um tom acusador. É preciso paciência. Às vezes é bom se retirar, deixar para conversar depois (nestes momentos, desenterrar mágoas só trará mais desgostos: pensar em como dialogar visando uma reconciliação pode ser árduo, no entanto, beneficiará a ambos).
Quando um fala, outro escuta? A pergunta seria dispensável se ouvir com atenção não fosse raro hoje em dia. Estamos demasiadamente preocupados em expor idéias, contar as novidades, desabafar etc. Escutar não seria incomum se tivéssemos abertos para conhecer o outro, compreendê-lo. Talvez ele precise apenas de um ouvido acolhedor e quase nenhuma palavra: um olhar ou um sorriso pode ser suficiente. Mas a ânsia de falar nos leva a ignorar a necessidade alheia: apressamo-nos em aconselhar ou discorrer sobre nós mesmos.
Se não acrescentarmos à comunicação prudência e sensibilidade, os cientistas serão obrigados a reavaliar a tese de que a principal diferença entre o ser humano e os outros primatas é a linguagem por nós desenvolvida.

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