Mafalda


quarta-feira, maio 02, 2007


Tão longe, tão perto

Anos atrás, fui para o Rio de Janeiro com o pessoal do meu curso universitário. O motivo da viagem foi um congresso de psicologia. Mas como eu não conhecia a cidade, decidi não participar do evento e fazer apenas uma viagem turística... Lotamos um ônibus: além de futuros psicólogos, havia um estudante de engenharia sueco e uma estudante de biologia iugoslava (na época, ainda existia a República Federal da Iugoslávia) que também queriam aproveitar a oportunidade de visitar a mais famosa cidade brasileira.
Alguns poucos se hospedaram na casa de conhecidos. A maioria foi para um hotel. Era um lugar simples, mas aconchegante, há 800 metros da Praia de Copacabana. Falaram que antigamente fora um albergue estudantil. Porém o que havia de mais surpreendente no local eram os hóspedes: estrangeiros de várias partes do mundo – australianos, ingleses, chineses, suíços, franceses, espanhóis e estadunidenses. Além do nosso grupo, restava apenas um brasileiro que temporariamente estava morando lá...
Certa vez, um professor disse que ser antropólogo significava olhar o que é nosso com se fôssemos estrangeiros e, por outro lado, olhar o estrangeiro como se fosse nosso. Naquele hotel, fui impelida à uma experiência antropológica. Pois eu e meus amigos brasileiros passávamos muito tempo com aqueles vindos do exterior. No dia em que chegamos, à noite, fomos à Praia Copacabana com eles: foi a primeira vez que pisei em areias cariocas. Também passeei bastante com o sueco e com a iugoslava que vieram com meu grupo. Fui ao Cristo Redentor. Lembro-me de Mats, o sueco, se encantar com a beleza da paisagem mas também se decepcionar com a poluição da Baía de Guanabara. Fui ao Jardim Botânico com duas australianas totalmente desconhecidas até então. Falavam entre elas e andavam rápido. Eu estava mais preocupada em contemplar o lugar. Lá, preferiria estar na companhia de mineiros...
Assim, muito do que senti na Cidade Maravilhosa foi acompanhado de observações e atitudes estrangeiras. Até o pior que o Rio pode “oferecer” só conheci quando Mats foi assaltado. Eu não presenciei o acontecido, mas vi seu desespero e espanto ao chegar no hotel. Levaram cem reais do seu bolso. Nós, os brasileiros, dissemos: “mas você não pode andar com todo esse dinheiro nesta cidade!”. Ele apenas havia tratado o estrangeiro como se fosse o país dele. Por outro lado, compreender seu comportamento e sua angústia exigia, mais uma vez, olhar a situação como se eu fosse estrangeira...

2 comentários:

Anônimo disse...

Lindinha, estou esperando pelo seu novo texto, hein...
Beijos

Anônimo disse...

po... como se o burro fosse o estrangeiro!! po... "mó troxa!"

complicado isso... esse país é uma maravilha... impecável, por sinal!

tanto é assim que, a primeira representação que temos é que o "alemão" é culpado!! mas a culpa é sempre...sempre...do vizinho!