Mafalda


quarta-feira, setembro 27, 2006


SER ou TER? Eis a questão!

Durante toda a nossa educação somos instruídos pelos pais e pela escola de que o SER é mais importante que o TER. Deste modo, a pessoa que somos – nossas atitudes e nossos conhecimentos – tem um valor bem maior do que a nossa aparência e nossos bens materiais. No entanto pergunto: na prática, na vida cotidiana, isso é verdade?
Por mais que a família e a educação formal se esforce para transmitir virtudes que nos guiem à integridade, estamos imersos numa sociedade de consumo, cujas leis não respeitam a ética, ou qualquer moral ou religião. A mídia, poderoso meio de educação(?), sustenta-se pela venda de anúncios, então é natural que a sua programação incite o consumo, reforçando a idéia de que o nosso valor está naquilo que possuímos. Assim, um conflito se evidencia: para sermos alguém, ao contrário do que aprendemos, precisamos TER e, o outro, nos reconhece, nos identifica, através daquilo que oferecemos materialmente.
O apego material gerou um desequilíbrio na natureza humana. Se analisarmos minuciosamente os problemas que a humanidade vem enfrentando, certamente encontraremos suas raízes na luta pelos bens materiais. As guerras internacionais, embora tentam se justificar por uma questão social, são conseqüências da ambição pela soberania econômica. Os inúmeros problemas ecológicos são frutos da desenfreada exploração da natureza pelo homem em busca do conforto material. Os crimes cometidos por jovens da periferia são muitas vezes gerados pela busca de um status e de um lugar na sociedade que o exclui (imaginem para um garoto o que é ser “bombardeado” dia após dia pela televisão com produtos que jamais conseguirá comprar e sabendo que somente tendo posse deles tornar-se-á alguém). Estes são exemplos extremos, mas se avaliarmos nossas ações veremos que não estamos tão distantes assim da hiper-valorização dos bens de consumo...
É preciso praticar nossas virtudes. É preciso educar coerentemente, ensinando e agindo de forma a demonstrar o valor das atitudes humanas. É preciso exigir que a televisão nos ofereça uma programação de qualidade que exalte o respeito ao próximo por aquilo que ele é. Enfim, é urgente que se resgate nossa humanidade se ainda desejarmos SER humanos.

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