
Saudade
Falta. Dor. Choro. Paixão. Palavras que cabem no sentimento chamado saudade. Uma saudade entristecida se apenas estes substantivos defini-la. Eu gosto mais daquela saudade boa, em que as lembranças não deixam a solidão invadir a alma.
Há inúmeras formas de saudade. Há aquela que jamais será saciada e, por isso, eterna: a saudade daqueles que amamos e que não estão mais entre nós. Esta carrega sempre uma dor, mas o tempo nos faz sorrir de novo ao recordarmos a pessoa querida. Existe também a saudade de alguém que estimamos, mas que por uma razão ou outra, dificilmente, voltaremos a encontrar. Amigos de infância, da “rua” e da escola. É verdade que em tempos de internet e seus sites de relacionamento é mais fácil ter notícias de quem um dia conhecemos, no entanto há aqueles que só lembramos o rosto de criança e que justamente por que éramos crianças, não nos preocupávamos com sobrenomes. Só nos resta recordar...
A saudade mais gostosa é a da pessoa amada quando sabemos que vamos reencontrá-la. Eu estaria mentindo se dissesse que o momento da separação é tranqüilo. Dói. No entanto, passada a intensa sensação que está faltando uma parte de nós mesmos, as lembranças nos invadem e nos alegram novamente. Cecília Meirelles poetizou este momento divinamente: "De longe hei de te amar... da tranqüila distância em que o amor é saudade e o desejo constância". Esta saudade nos faz também repensar o relacionamento. Reconhecer as nossas falhas e perceber o que outro realmente representa para nós é mais provável que aconteça na ausência dele. Assim, a cada reencontro, temos a chance de recomeçar.
Mas não temos saudade apenas de pessoas. Quem não tem saudade da sensação de medo quando ia na Roda Gigante de um Parque de Diversões qualquer? Quem não tem saudade do sentimento natalino de quando éramos crianças? Quem não tem saudade daquela ansiedade para sair no sábado à noite? Quem não tem saudade de si mesmo em momentos especiais? Embora haja alguém ao nosso redor, existem ocasiões que não temos saudade da pessoa em si, e sim do que sentimos quando estávamos ao lado dela. Essa saudade é íntima e, ás vezes, é impossível descrevê-la.
Cada um tem suas próprias saudades. Saudade de cheiros, de sabores, do olhar inocente diante do mundo...
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