Mafalda


quinta-feira, março 08, 2007


Por nós, mulheres!

Hoje é comemorado o “Dia Internacional da Mulher”. Há controvérsias sobre a história que originou a escolha da data para tal solenidade, mas a explicação de maior consenso é a seguinte: trata-se de uma homenagem a 130 operárias de uma tecelagem de Nova York, assassinadas por patrões e policiais, em 8 de março de 1857. Elas estavam em greve reivindicando a redução da jornada diária de trabalho de 14 para 12 horas e o direito à licença-maternidade. Represadas pela polícia, as trabalhadoras refugiaram-se na fábrica, cujas portas foram fechadas e o prédio incendiado!
Porém, algumas mulheres consideram o “Dia Internacional da Mulher” uma forma de perpetuação do machismo. Argumentam que é uma hipocrisia aceitarmos esta homenagem datada, já que continuamos arcando com a desigualdade durante todo ano: a data funcionaria apenas como uma recompensa pelos danos sofridos. De fato, esta alegação tem sua lógica. Mas meu ponto de vista é divergente: todo dia 8 de março se faz importante na medida que as conquistas das mulheres são destacadas e reivindicações que não foram contempladas são colocadas em pauta.
Hoje em dia, presencia-se mulheres ocupando cargos políticos de grande relevância. Por exemplo, Michelle Bachelet, presidente do Chile (primeira mulher do planeta a conseguir tal feito). E, além disso, a socialista Ségolène Royal é forte candidata à presidência da França. O que não significa que os “dias machistas” estão contados. Basta olhar ao redor. Os pais (refiro-me às figuras maternas e paternas) transmitem aos seus filhos papéis estereotipados sobre os gêneros. De forma geral, adolescentes em grupos induzem, mutuamente, comportamentos sexistas. E, para orquestrar a opressão masculina, tem-se a mídia: recentemente, matéria capa da Folha Ilustrada trazia depoimentos de atrizes veteranas opinando sobre cirurgias plásticas e derivados. Uma delas revelou que um diretor de TV, ao oferecer-lhe um papel, perguntou se ela estava bonita...
Mesmo que cada vez mais camuflada e considerada politicamente incorreta a discriminação de gêneros propaga-se. Se defenderem que o “Dia Internacional da Mulher” acentua esta desigualdade, pois a sua comemoração seria a constatação e afirmação da diferença, responderei: é preciso pender para um lado para se atingir o equilíbrio.

Um comentário:

Cax disse...

Concordo,
Acho importante haver O Dia da Mulher, pelo menos é uma data para pensarmos na condição feminina, gostei da resposta que termina o texto
abraço