Mafalda


sexta-feira, janeiro 05, 2007


“Dr. George W. Frankenstein”

O ano de 2006 terminou com um fato histórico: a execução de Saddam Hussein. O mundo assistiu perplexo. As imagens chamaram atenção pela serenidade do ex-ditador diante de seu infortúnio. Alguns se indignaram pela aplicação da pena de morte, outros, pela intocável impunidade de George W. Bush.
Lendo sobre a trajetória de Saddam Hussein e sua relação com os EUA, lembrei-me de um romance de terror: Frankenstein (escrito em 1818 pela britânica Mary Shelley). Para quem desconhece, a obra narra a história de um cientista, Dr. Victor Frankenstein que, com intuito de criar uma pessoa, acaba gerando um monstro; não sabendo como controlá-lo, o doutor o abandona, mas isto provoca a ira da criatura rejeitada que procura incessantemente se vingar daquele que lhe deu a vida...
Saddam Hussein formou-se em Direito e seus estudos foram financiados pela CIA (Agência de Inteligência Internacional, responsável pelos assuntos de inteligência relacionados à segurança dos EUA). Na guerra entre o Iraque e o Irã (1980-1988), o ex-ditador teve o apoio das armas estadunidenses e mais de 600 mil pessoas foram mortas. Mas, em 1990, quando o iraquiano invadiu o Kuwait, um dos maiores fornecedores de petróleo dos EUA, tornou-se o grande inimigo de “Bush pai”. Assim, com permissão da ONU, em 1991, os EUA atacaram o Iraque, deixando 200 mil iraquianos mortos.
Realmente Saddam Hussein cometeu inúmeras atrocidades, mas acharia de melhor proveito se fosse condenado pelo resto de sua vida a prestar ajuda humanitária. No entanto, a questão aqui é outra: até quando alguns que julgam ter poder sobre a vida e a morte continuarão vitimando milhões de inocentes? Quantos “Doutores Frankesteins” e quantos “Monstros” (Saddam, Bin Laden, Pinochet e outros ditadores na África e América Latina) existirão até que resolvam punir também os criadores? Enquanto George W. Bush, Tony Blair e companhia brincam de Deus, outros sofrem com as conseqüências de suas obras destrutivas. Diferentemente da história de Mary Shelley, as maiores vítimas dos “Monstros” não são seus inventores...

Um comentário:

Anônimo disse...

saddam...tal qual Che virará santo!!! essa dualidade humanística acaba complicando tudo...mas o que é o ser humano se não um reles indeciso??? =)