
Desilusão
A palavra acima poderia ser decepção, ou frustração, mas falando-se do jogo, no sábado passado, da seleção brasileira, penso ser a que mais o resume. A equipe brasileira (nego-me a dizer simplesmente “O Brasil...” - seria injusto com todos nós) chegou à Alemanha como favorita e imbatível: dado o seu elenco, sua campanha nas Copas das Confederações, seu técnico campeão mundial e toda a tradição do futebol brasileiro cinco estrelas foi fácil crer nessa supremacia.
Porém, como todos sabem, o favoritismo ficou papel. Assim, como em muitos anúncios publicitários, Ronaldinho Gaúcho e companhia não passaram de ilusão. Ilusão esta que a mídia começou a alimentar antes mesmo do início da Copa. Fomos bombardeados! Durante a Copa, tudo era motivo de notícia. Precisavam vender seu produto de ouro e nós, certos de que víamos os representantes do Brasil, acompanhávamos passo a passo.
Na primeira fase, o escrete brasileiro apresentou inúmeras deficiências. Mas, fizeram-nos confiar que estava evoluindo - os brasileiros estariam guardando seu jogo. Veio Gana, resultado enganoso. O brilho apareceria diante de uma grande rival, a França...Blecaute, pane: onde estava o “nosso” prestigiado futebol? O povo brasileiro sentiu-se mais envergonhado do que os próprios “medalhões” brasileiros em campo.
Tive a impressão que a cada lance, Zidane dizia: “Acorda, Brasil!” E, certamente, os brasileiros que estavam assistindo, despertou e esperou que entrasse Robinho, Cicinho, Gilberto (ou outros) – precisávamos mudar, precisávamos jogar... Mas, aquele que eu admirava pelo feito em 94 acordou tarde demais. Pela calma e conformismo de Parreira no banco, parecia que observava outro jogo (estando 1 a 0 para França, após colocar Adriano, ele disse a Zagallo: “colocar Robinho para quê?”); ou então, ele sabia que aquele futebol limitado era o máximo que seus comandados poderiam desempenhar. Mesmo que esta seja a explicação, por que o técnico não seguiu com o time que jogou contra o Japão? Infelizmente, os interesses individuais sobressaíram-se. Não bastava a seleção ser hexacampeã: os veteranos precisavam de recordes e de ser tricampeões mundiais.
Fomos iludidos, sobretudo, a acreditar que todos ali jogavam com amor pela seleção brasileira e que se preocupavam com o povo brasileiro (Ronaldinho Gaúcho e Adriano, mesmo com o vexame, divertiram-se no domingo). Minha esperança é que a nova geração se inspire no choro de Zé Roberto e na decepção sentida por Rogério Ceni, estes sim, dignos de serem chamados de brasileiros.
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