

Eis que renasce o Fenômeno
Escrevo antes do jogo contra a França. Independente do resultado, o centro-avante Ronaldinho (ou Ronaldo, como preferem alguns), nos presenteou, mais uma vez, com seu exemplo de perseverança e superação.
Somos um povo ingrato. Mesmo tendo provado em 2002 que não foi à toa que o apelidaram de Fenômeno, duvidamos de sua capacidade e muitos contestaram até a sua convocação. A imprensa o bombardeou: ele se tornou um peso incômodo. Mas Ronaldo, além de gênio do futebol, é sábio: foi paciente e confiou em si mesmo. Agüentar a pressão, inclusive de alguns companheiros de seleção, exige um equilíbrio emocional pouco comum (e olha que chegaram a apontar que era isto que estava faltando a ele).
Ronaldinho mostrou que precisava apenas de ritmo de jogo. Estava triste sim, milhões de brasileiros viam isto estampado em seu rosto, tanto nos treinos, nas entrevistas como nos jogos contra a Croácia e a Austrália. Mas essa tristeza, acredito eu, era reflexo das críticas que recebia e das especulações sobre ele, pois, alguém que se recuperou de uma contusão terrível no joelho e foi o grande nome da Copa anterior, jamais acharia que desaprendera seu ofício.
E além da falta de ritmo, faltava um parceiro no campo com quem não precisasse dividir espaço. Nos dois primeiros jogos, Adriano, apesar de ótimo de ser ótimo jogador, não rendeu ao lado do Fenômeno. Eles não se comunicavam. O único lance que deu certo envolvendo esta dupla foi aquele do gol do Imperador, com um belo passe do Ronaldo. Contra o Japão, Parreira resolveu testar Robinho no lugar de Adriano, e Ronaldo enfim mostrou que não esquecera sua arte (não estou criticando Adriano, mas já é fato que dois jogadores juntos em campo deixam a desejar. E entre Ronaldo e Adriano, o primeiro é quase unanimidade entre os torcedores e a imprensa). O Fenômeno balançou a rede duas vezes e superou o Rei em gols marcados pela Copa, tornando-se também, ao lado do alemão Gerd Müller, o maior artilheiro dos mundiais. Enfim, conseguui agradar a imprensa brasileira e mundial.
Após 22 de julho, Ronaldinho era só sorrisos. Todos esperavam que Robinho jogasse ao seu lado contra Gana, mas se machucou. Parreira então voltou a escalar Adriano ao seu lado e mais uma vez a seleção apresentou um futebol burocrático. Mas, o Fenômeno fora despertado e não decepcionou: antes dos cinco minutos, recebeu um lançamento perfeito de Kaká, deu um drible de corpo no goleiro: lá estava Ronaldinho comemorando um belo gol com a sua marca e tornando-se o recordista isolado de gols em mundias.
Parreira acertou em confiar em Ronaldo. Podem dizer que foi teimosia, mas acredito que no caso de Ronaldo, foi sensatez! Espero que o sensato vença e que Robinho ajude o Fenômeno a brilhar mais!
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