Je te defie de m'aimer
Sai em busca do futuro. E neste presente ausente encontrei o passado. Estou costurando o passado... Descobri que minha natureza é ser livre e querer subvertê-la significa minha paulatina destruição. Quero ser livre, quero amores platônicos apenas. Quero fantasiar... Querro amar o mundo! Todo o mundo! Chegou a hora de amar a mim mesma. Chega de paixões delirantes! Deixarei a Terra do Nunca...Brindarei à Sala de Jantar, mas meu espírito continuará intacto. Gosto do que sou. Gosto de acreditar no outro. Se ele me seduz, ilude-me, ludibria-me e me engana não sou eu quem está perdendo... Continuarei vivendo profundamente, mas não mais na vida de outro alguém. Viverei profundamente a minha vida! Farei planos, terei sonhos que dependerão apenas de mim. Jogar-me-ei no mundo. Ele me conduzirá... Não me submeterei a caprichos de ninguém. Não renunciarei a quem sou.
Pensei ter me perdido quando na realidade me encontrava.
(semana atípica, texto atípico)
"A livre criação muitas vezes não está onde se supõe: adquire força ao se infiltrar nos interstícios das proibições, das exigências, dos imperataivos exteriores, para neutralizá-los" (Jorge Coli)
sexta-feira, abril 18, 2008
quinta-feira, abril 10, 2008

Li parcialmente uma reportagem que criticava o abuso de antidepressivos. Ultimamente, sentir-se triste tem virado sinônimo de depressão. E para evitar o sofrimento, recorre-se a um medicamento (De forma alguma estou querendo afirmar que médicos psiquiatras receitam antidepressivos indiscriminadamente. Infelizmente ainda é fácil obter tais remédios sem prescrição médica). Evita-se o pesar e almeja-se uma felicidade constante, o que é humanamente é impossível.
É certo que a tristeza não é desejável. Mas no geral, amadurecemos depois de passarmos por alguma privação. E como bem lembrou a reportagem, Van Gogh, Virgínia Woolf, Clarice Lispector, Friedrich Nietzsche entre muitos outros grandes nomes produziram seus maiores feitos em períodos de bastaste sofrimento. O que seria de nós se tais gênios não tivessem deixado aflorar a tristeza?
Acredito que exista uma pressão de todos os lados para que sejamos felizes. Os comerciais publicitários nos “ensinam” o caminho do sucesso, da alegria, do bem-estar. Nossos amigos e familiares, naturalmente, também nos querem ver sorrindo e de bem com a vida. No entanto, há certo pânico com relação à tristeza: ela vem se tornando um mal inconcebível. Ficar triste é quase um delito.
Temos medo de sofrer. Tememos logicamente porque não é agradável, mas também porque sabemos que é penoso lidar com alguém que não está bem: a tristeza pode levar à solidão. Algumas pessoas realmente conseguem evitar o sofrimento, mas o fazem ao não arriscar, ao se acomodarem num viver que não traz amarguras, mas também não traz crescimento. Outras tentam fugir da tristeza quando ela já se instalou o que, comumente, além do sofrimento, gera ansiedade.
Não é de se espantar que os casos de depressão aumentem enquanto a “ditadura da felicidade” se consolida. A obrigação impositiva de que devemos ser felizes sempre é absolutamente desumana. A tristeza é tão natural qualquer outro sentimento. Vivenciá-la com culpa maximiza a possibilidade de que ela se intensifique e realmente se transforme numa depressão...
A felicidade só existe comparada à tristeza. Estamos nos esquecendo disso.
quinta-feira, abril 03, 2008

Acredito que uma das melhores sensações seja a chamada “paz de espírito”. É extremante desconfortável estar em conflito com alguém. Sentir raiva, mágoa, ódio ou rancor deixa-nos amargurados. Por outro lado, saber que uma atitude, ainda que não intencional, provocou o sofrimento alheio deveria ser também bastante desagradável. Digo “deveria” porque é fácil reclamar do quanto fomos maltratados, mas quando somos levados a avaliar o quanto a nossa ação feriu o outro, minimizamos nossa responsabilidade ou pior: algumas pessoas simplesmente não se importam.
Fico estarrecida com pessoas que sentem prazer diante do sofrimento alheio. Gente assim não suporta que o outro se sobressaia. Ignora os grandes feitos da pessoa invejada e agem venenosamente. Espera um deslize e dá o bote. E fazem isso sem culpa, sem remorso. Eu fico me perguntando como alguém assim consegue colocar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilamente...
Para minha infelicidade, percebo que minha indignação vem diminuindo. Conversando com uma amiga que foi passada para trás por uma colega de trabalho, eu falei: “o mundo está cheio de pessoas assim”. Obviamente eu senti muito por ela, mas o que ela me contou não me surpreendeu... Parece que o mundo, sobretudo o mercado de trabalho, não suporta mais sentimentos como compaixão: sofrer pelo outro está se tornando sinônimo de fraqueza.
Porém, eu me nego a responsabilizar o capitalismo ou a competitividade gerada por ele pela falta de humanidade. Afinal, somos nós quem constrói as relações, sejam elas de trabalho ou não. Se há algo errado, somente nós somos capazes de mudar. Mas normalmente nos acomodamos e não raramente divertimo-nos com o infortúnio alheio. Enquanto não atinge diretamente a nós ou a nossa família, comportamo-nos como meros expectadores e preferimos ignorar nossa cumplicidade.
Eu não imagino como seja viver sabendo que foi responsável pela destruição da vida de alguém. Ter “paz de espírito” para mim é crucial. Quando não me sinto assim, fico paralisada. Quem provoca um grande sofrimento, causa não só os danos intrínsecos ao ato, mas também gera no outro um sentimento de ódio que talvez jamais se dissipe.
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