Mafalda


quinta-feira, fevereiro 14, 2008


Existo, logo mudo!

A cada dia que vivo, vejo que tenho muito a aprender. Surpreendo-me, pois, embora eu nunca tenha deixado se considerar a vida um constante aprendizado, havia aspectos do meu ser que eu julgava não necessitar de mais transformações. Era apenas ilusão: percebi que tenho a tendência de fugir quando a situação exige-me mudar. E com isso notei como é fácil desistir de um objetivo e culpar as circunstâncias por isso. É cômodo e menos doloroso.
Ninguém, gozando de plena sanidade mental, deseja intencionalmente sofrer. E assim recusamos aquilo que nos traz sofrimento. É uma reação natural. No entanto, toda transformação relevante demanda o questionamento de nossas atitudes e valores. E é inevitável que isto traga alguma forma de tormento. E muitas vezes recuamos diante da possibilidade de sofrer, pois quando aspiramos ao bem-estar imediato, o medo cega-nos quanto aos benefícios posteriores.
O curioso, na minha vida, é que o fato de eu ter enfrentado problemas parecidos no passado, deu-me a sensação que eu havia mudado. Mudanças aconteceram sim, mas não profundamente como eu pensara... O ideal seria que toda situação adversa que passamos, tornasse-nos mais habilidosos para resolver questões futuras. Não é o que acontece sempre. Muitas vezes um acontecimento atordoante, ainda que superado, deixa-nos receosos ou arredios, o que nos impede de ver que a situação é apenas aparentemente semelhante. E assim, tornar-se mais fácil desistir antes de tentar.
Enquanto eu escrevo, penso que talvez algo em mim realmente tenha se transformado. Pois hoje, diferentemente de outrora, não só percebo minhas falhas: aceito que preciso mudar. Eu desejo me aperfeiçoar como ser humano. Aprender com o passado em vez de usá-lo como barreira dos meus sonhos. Posso sofrer no início, mas sei que a cada pequena conquista me sentirei mais senhora do meu próprio destino.
Enxergar as amarras do passado e vislumbrar um agir independente dele, penso ser um dos primeiros passos para a conquista da genuína liberdade.

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