
Assisti inúmeras vezes ao filme “Perfume de Mulher”. Não me canso. Além da estonteante atuação de Al Pacino (dá uma imensa vontade de dançar um tango com ele) acompanhada pela atuação também marcante de Chris O’Donnell, a história me comove ao tratar do tema integridade. O que significa ser íntegro? Significa ser justo, incorruptível, honesto, imparcial. Olhando para o mundo hoje, parece-me raro encontrar indivíduos qualificados como tal.
Em Brasília, no Planalto Central, por exemplo, se houvesse uma medida intitulada “densidade de integridade” (por analogia à densidade demográfica) seria baixíssima. Mas não podemos esquecer que os políticos são eleitos por nós... E desta forma, cabe aqui a seguinte provocação: até que ponto eles representam nossos interesses? Não serão eles reflexo de toda a sociedade?
Ser íntegro não é uma tarefa simples. Vivemos num país onde trapacear para se dar bem não é uma atitude necessariamente condenável - a retidão moral não é incentivada na nossa cultura. E se deixarmos a hipocrisia de lado, perceberemos que muitas vezes aprovamos a esperteza (no sentido pejorativo do termo) alheia: não é à toa que novelas e Big Brother (lembram do Alemão?) dão tanta audiência...E mais, se olharmos para nosso próprio umbigo, quantos de nós poderá afirmar com convicção que está ileso totalmente de ter cometido uma atitude injusta? Quantos ao eleger um prefeito ou vereador não o fazem em defesa de interesses pessoais? E quantos filhos não reproduzem a as atitudes desonestas dos pais que os ensinam que status e riqueza são o que realmente importa? É doloroso sentir que para sobreviver e ser valorizado socialmente talvez seja mesmo necessário não ser radicalmente íntegro...
Mas quando eu assisto ao “Perfume de Mulher” eu me encho de esperança. Esperança com relação a mim mesma traduzida numa vontade de buscar sempre o caminho da integridade. Tropeços todos nós cometemos e crescer como pessoa é um realizar constante. Basta não desistir, basta não ceder aos benefícios imediatos. Por tudo isso não esqueço a frase proferida com fervor pelo personagem de Al Pacino (tenente-coronel Slade): “não há nada pior que um espírito amputado, não há prótese para isso!”