Mafalda


quarta-feira, dezembro 13, 2006



Regresso à adolescência

No último fim de semana, fui viajar para Andradina, onde moram uma tia e dois primos – uma menina que acabou de completar 15 anos e um garoto de 17 anos. De toda minha extensa família, são com esses primos que tenho mais contato, tanto pessoalmente quanto pela internet. No entanto, apesar de já ter ouvido inúmeras histórias deles com seus amigos, só agora pude conhecer toda a turma, pois esta foi a primeira vez que fui para lá. Estar entre eles me fez sentir a vida como ela nunca deveria deixar de ser...
Quando se é adolescente, a amizade é realmente valorizada. Não é à toa que um desentendimento considerado banal por um adulto pode ser motivo de sofrimento para um garoto(a). Porém, ao contrário de nós, adultos, o adolescente parece perdoar com mais facilidade. Além disso, as relações entre os pares são mais afetuosas e eles se entregam mais. Nesta idade, ainda não são tão necessárias as máscaras sociais – o adolescente tem mais liberdade para abrir seu coração. Pois, mesmo que um garoto(a) sinta uma pressão para ser aceito no grupo, não acredito que isso tolha sua individualidade, pois ele(a) acaba escolhendo estar com aqueles que se identifica.
Entretanto, se escutarmos alguém chamando um adulto de adolescente, automaticamente interpretaremos de forma pejorativa. Ao deixarmos a adolescência, nos vemos obrigados a assumir responsabilidades e agir prudentemente. Assim, é comum lembrar esta fase do desenvolvimento restringindo-a a uma época em que éramos passionais e não tínhamos preocupações como trabalho e família.
Realmente, tornar-se adulto implica assumir compromissos e refletir nas conseqüências de seus atos – pensar no amanhã. É preciso abandonar o viver imediato adolescente. No entanto, isso não significa que devemos nos tornar pessoas extremamente centradas em nós mesmos, encarceradas pelo individualismo e impenetráveis no cotidiano. Entristece-me a dificuldade que tenho para fazer novas amizades com adultos. Parecem temer ser descobertos. Talvez, se preservássemos a sensibilidade, a afetividade e a transparência típicas da adolescência, poderíamos deixar que nos conhecessem e então conquistaríamos novos e autênticos amigos. A solidão somos nós que construímos...

Nenhum comentário: