Mafalda


quarta-feira, novembro 30, 2005


TPM (tensão pré-menstrual)

Por que temos que sofrer com isso? A natureza é mesmo machista...Ficamos menstruadas, passamos pelo parto e além de tudo temos TPM! Fase em que todos os problemas se agigantam...E ,às vezes, acontece no pior momento. Não dá para escolher o dia.
Cada mulher sente a maldita de uma forma. Algumas dizem que nada notam de diferente. Sorte delas!
Não é de hoje que venho me observando: se não há nada me preocupando, a TPM praticamente não existe, a não ser pelos seios doloridos...No entanto, se há incômodos e conflitos a TPM os potencializa, deixando-me à flor da pele. (Para que os homens entendam: é parecido ao efeito da embriaguez – qualquer discussão desperta uma fera!) Como se isso não bastasse, sinto-me, às vezes, a pior das pessoas do universo...
Todo homem que escolhe ter uma mulher ao seu lado cotidianamente deveria aprender sobre tensão pré-menstrual. Aliás, seria bom que fosse ensinado nas escolas. Não adianta saber que a mulher fica menstruada uma vez por mês e por que isso ocorre. O menino, desde cedo, deveria saber o que acontece nos dias anteriores à menstruação. Facilitaria muito para nós mulheres!!! (Aliás, poderiam ter inventado uma palavra mais bonita do que menstruação. Parece nome de monstro que assusta criancinha!!!). Se o homem entender a TPM, evitará discutir com sua parceira nesses períodos, compreenderá o porquê de seus estouros sem sentido e a tratará com o maior mimo durante essa fase que ninguém pediu a Deus!!! Isso pode salvar um relacionamento! Tem casais que até resolveram se separar e depois voltaram atrás quando perceberam que tudo era por causa da tal TPM! Não precisamos chegar a esse ponto, não é? Todos querem ser felizes com o parceiro (a)...
Assim, faço um apelo em nome de todas as mulheres: homens, conheçam nosso ciclo menstrual e não nos irrite durante o período pré-menstrual. Tratem-nos com carinho e atenção! Sejam espertos! Saberemos reconhecer vossa dedicação e a retribuiremos. Todos sairão ganhando: quando somos um casal, a TPM acaba sendo vivida pelos dois. Então, ajudem-nos a enfrentá-la da melhor forma possível!

quinta-feira, novembro 17, 2005


Protesto (?)

Num dia desses, o ator, músico e compositor Seu Jorge foi o entrevistado do programa Roda Viva. Seu Jorge foi aclamado no programa sobretudo por ser um exemplo de superação e sucesso, já que foi morador de rua e atualmente tem seu trabalho reconhecido principalmente no exterior. Inúmeras perguntas dirigidas a eles questionavam-no sobre o preconceito étnico possivelmente sofrido por ele ser negro e conseqüentemente sobre o caráter de denúncia social de suas músicas. Seu Jorge saiu-se muito bem. Respondeu com maestria e sensibilidade às questões, embora se perdesse um pouco em suas divagações em alguns momentos. Nada que prejudicasse o andamento do programa, pois isto deu à sua fala uma espontaneidade pouca vista quando os que sentam ali são os políticos brasileiros.
O que chamou mais a minha atenção foi a discussão sobre as músicas de protesto. Ouvindo as palavras de seu Jorge, eu compreendi que sua música tinha uma função social mas não necessariamente de protesto. Os entrevistadores insistiram com a questão do racismo e da denúncia indagando sobre se uma música cantada por ele não teria sido rejeitada pela mídia e pelo público. Seu Jorge afirmou categoricamente NÃO, pois sua intenção jamais fora ser um artista tocado nas rádios e que seu público adorava cantar tal música.
Diante disto, percebi uma enorme distância entre os entrevistadores (todos pertencentes a classe média, no mínimo) e o artista ali sentado. Seu Jorge canta a sua vida, seu cotidiano os problemas que seus ancestrais passaram e seus contemporâneos enfrentam. A inspiração não exige filosofia ou sociologia, pois a sua realidade é suficiente para compor. Já os entrevistadores chocam-se diante de uma realidade para eles brutal, cujo relato é sentido como denúncia, como se não pudessem enxergá-la e conhecê-la através da própria vivência, como se houvesse uma censura impedindo esse contato e o músico ali entrevistado estivesse subvertendo-ª Curioso, pois a realidade dos marginalizados está todo dia na TV e atravessam o caminho da classe média diariamente. Então, por que as canções de Seu Jorge são encaradas como se ele estivesse denunciando acontecimentos obscuros? Tenho uma hipótese: o que intriga não é necessariamente o conteúdo...É estas histórias poderem ser cantadas e aplaudidas no exterior por alguém que foi menino de rua. É alguém relatando o que viveu e tendo sucesso sem o apoio da grande mídia, descartando-a. Assim, não são as músicas de Seu Jorge que geram o sentimento de protesto e sim o que representa o ator, compositor e músico Seu Jorge, carregando o que foi ontem, realizando-se hoje e transformando o amanhã...

quarta-feira, novembro 09, 2005



Entre mim e ele

Estou de volta amando. Ele está comigo novamente. Posso sentir. Sua voz, seus gestos. TUDO. Eu respiro só amor. Acabou a mágoa e o rancor. Ressuscitamos!!! A vida tem dessas coisas...Quando parecia não ter mais motivos para estarmos aqui, surpreendentemente, todas as razões apareceram.
O amor está nos pequenos detalhes. Num simples olhar. Numa lembrança que faz valer a pena. Difícil descrever.
Independente do que venha a acontecer, ontem e hoje será uma destas lembranças. Quando a raiva e o desespero me dominar, estes últimos momentos com ele, dar-me-á forças para continuar, para saber como pode ser bom. Podemos ser felizes juntos! Seu carinho, sua atenção, seu entusiasmo estarão para sempre comigo. Isto, nem ele pode me tirar. Não poderá mais dizer que não é a pessoa que eu espero que ele seja. Pois ele é. É possível ser. Pois já foi. E vem sendo nas últimas 72 horas. Não sou ingênua. Sei ainda que vamos brigar, que ele vai me olhar “feio”. Mas tenho a esperança que não vamos mais duvidar do que há entre nós e que nossos conflitos serão cada vez mais passageiros. Agora tenho a certeza que nosso amor é possível, que ele existe na luz e nas sombras.

terça-feira, novembro 08, 2005


A dor de ser o que é
Quando escrevo, desperto o meu prazer de isto fazer. Ontem escrevi e hoje me deu uma vontade imensa de expor algo aqui...Mas não é sempre que tenho idéias. O mundo tem que me apresentá-las levando-me à reflexão. A questões aparecem e quando vejo já estou pensando. Poderia falar do meu relacionamento amoroso, poderia falar das minhas amizades...Mas não sei até que ponto tais assuntos são íntimos e particulares demais para estar na rede. Não vou negar que todos estes textos surgiram de questões íntimas e particulares demais. Mas às vezes é possível estendê-las, tornando-as passíveis de identificação por outros que desconhecem minha história e meu cotidiano, minhas alegrias e minhas aflições, sem que, no entanto, seja necessário tornar meus desabafos superficiais. Pois não é só aparentemente que o ser humano se assemelha.
Pensando...Hummmm, posso falar sobre o que mais me preocupa no momento. Minha amiga está em apuros e o pior é que ela nem se dá conta disso. Eu a entendo. Não sei se agiria diferente estando no LUGAR dela. [As pessoas tem o costume de dizer “Se eu fosse você, eu não faria isso ou “...eu não teria feito isso”. Mas dificilmente quando alguém diz isso esta se colocando no LUGAR do outro. Falamos isso mas geralmente pensamos assim: “EU, nesta situação, não faria isto”. Não pensamos como se fôssemos o outro, não consideramos sua história e seu presente, suas angústias e inquietações. Pensamos como nós reagiríamos aos problemas, não ocupamos o LUGAR do outro. Ora, isto geralmente se revela uma grande contradição, pois muitas vezes, nós (com a nossa história nosso momento de vida) jamais nos encontraríamos em dada situação). É muito fácil julgar a atitude alheia desta forma, pois não a compreendemos de fato.].
Conheço minha amiga há 16 anos. Crescemos juntas. Fui adolescente com ela. Acho que posso dizer que a conheço muito tempo e por isso digo que não sei se agiria diferente estando no seu LUGAR: é difícil quando não conseguimos fugir de nós mesmos; quando, de repente, o que você sempre foi não te recompensa mais e você se vê sozinha. É difícil quando todos à sua volta estão crescendo e você não possui os meios para fazer o mesmo. Afinal, eles nunca foram necessários: até então, você era querida e rodeada por vários amigos. Você só sabe ser aquilo que sempre te bastou. É triste perceber que o tempo não pára quando você sempre agiu como se o mundo fosse estático e seus amigos também. É triste perceber que os anos passam quando apenas sendo jovem você sabe viver. Dói, enfim, perceber que para seus amigos não basta mais você ser a amiga mais desencanada e baladeira, pois o que você faz se tornou escandoloso e perigoso demais: estar ao seu lado não é mais tão agradável, pois ninguém confia mais em você.
O que fazer diante de tudo isso? Se nem com a sua família você pode contar...Pois eles querem que você estude sendo que você não tem como fazer isso, não tem os conhecimentos básicos para isso. Quando você tinha 13 anos, ninguém se preocupava com a sua escola. Agora, faculdade, não, você não conseguiria...Trabalhar numa loja”...ihhhhhhhh...”, é o que você diria. Para quê trabalhar, você tem o dinheiro da pensão do seu pai e sua mãe paga suas roupas. Baladas? Sempre alguém paga para você, pois você tem aquele jeitinho que nenhum cara recusaria.

Nossa, acabei me estendo...Claro, só falei do momento que ela estava vivendo. O que restava para ela, além do buraco em que ela se enfiou? Bom, é difícil dizer, difícil julgar. Não tenho mais palavras, tudo o que eu poderia dizer daqui a diante seria banal.
Sei que sofro por vê-la assim, mas infelizmente já era tarde demais desde quando ela tinha 13 anos. Agora só nos resta remediar.