Por muito tempo procurei algo fora de mim para me sentir inteira. Achei que fosse natural o estado de incompletude, da busca de auto-estima através da afirmação do outro. Meu bem-estar não dependia só de mim e, por mais que eu soubesse que isto me fazia vulnerável, não conseguia que de outro modo fosse.
Hoje percebo que todas as vezes que me relacionei amorosamente depositei no outro a responsabilidade por minha felicidade. E mesmo sabendo que um relacionamento depende de ambas as partes, tenho consciência que o peso que atribui às pessoas as quais amei, contribuiu para o esgotamento das relações. Sempre havia uma falta, mas eu não compreendia que o outro jamais iria satisfazê-la...
Diversas vezes li e escutei que é preciso amar a si mesmo para amar outra pessoa. Isto me parecia simples. Eu achava que me amava e também pensava que a forma que amei fosse a única possível. Eu me recusava a admitir que eu amava de forma romântica, querendo do outro aquilo que eu não encontrava em mim mesma. Demorei, mas finalmente pude sentir um enorme contentamento pela pessoa que me tornei e só então compreendi os equívocos que cometi.
Sinto-me, hoje, inteira. Meu espelho olha-me diferente de outrora. Tenho fontes de satisfação que dependem, sobretudo, das minhas ações. Meu bem estar não está atrelado a alguém em especial e, da mesma forma, as minhas angústias não estão. Isto não quer dizer que eu não sofra, que acontecimentos exteriores a mim não me afetam, mas sim que, atualmente, a responsabilidade por minha felicidade cabe bem mais a mim do que a qualquer outra pessoa. Sinto-me livre!
Consequentemente, estou perdendo meu medo de amar, medo de sofrer como antes. Todas as ocasiões em que rompi um relacionamento, senti como se eu perdesse parte de mim mesma. E talvez, de fato, assim fosse. Enfrentei lutos. Hoje penso que sou capaz de amar de modo saudável, que superei o amor romântico, pois encontrei meu oposto em mim mesma.
Mas só o tempo confirmará se realmente aprendi a amar. Deixarei o amor chegar.